26 outubro 2005

"Continuar, sobreviver..."


Incapaz de seguir uma via alienada
Mas sem coragem pra nada
Repetindo os suspiros, as inspirações, expirações
Buscando o nada, que é tudo, ou seja: NADA
Deixando pra depois
Se enchendo de lipídios e perdendo mitocôndrias
De células nervosas
Que atrofiam a cada pulsação
Abortada por um pensamento
Que nem sei se é meu
Vivendo é gerúndio inaplicável
A vida tão média, tão
Miserável
Esplêndida, gigante. Quando se sobe
no MONTE DE MERDA
De olho que vê superior
Acostumado a hierarquia
Familiar, social, moral, infernal
Não enxerga que é mais um
Consumidor-consumido
"Vivendo", tendo e sendo
Mais um número (mas nunca
Admitido)
Apenas igual a outro
Não especial, Sim
Especial
Eu, tu, lágrimas são água?
Descer da MERDA Enxergar a
Bosta. Será a vida sempre
cega? Com uma viseira
MARAVILHOSA..


18 outubro 2005

Daqui...


Daqui, atrás de cliques e comandos, tão burros quanto nossa apatia para com tudo, é muito fácil. Muito fácil! Lá fora, um mundo a criticar, mudar (?!), mas sempre embaixo de minha segurança de sempre. Não trabalhar por idealismo (quem dera todo mundo pudesse. Seria esse mundo um lugar mais feliz?). Ao sair desse teto acolhedor, mas tão acolhdedor que sufoca, cega, suga toda capacidade de revolta ativa, vejo coisas tão... tão de verdade, tão humanas, podres, mas lindas ao mesmo tempo.

Voltar pra casa geralmente é exercício interessante. Depois de algumas horas, atrás de um MOR(?!) objetivo (in)questionável, é comum se ver aquelas caras de anti-vida, sub-vida, e todas essas coisas lindas de se ver, pois é com elas que percebemos o quão podre é essa vida, como é pouco o só respirar, a burra continuidade daquilo que chamamos VIDA. Em rápidos momentos temos baques, titubeamos. Vemos coisas tristes (Ilha das Flores?) realmente chocantes que nos deixam PUTO. Penso, logo, RESIGNO. No momento X onde titubeamos isso dificilmente passa na limitada cabecinha desse ser, e de muitos outros, acho; mas tempo cura tudo (não é o que DIZEM) e aqui não é(foi. Será?) diferente: esquecemos tudo que nos abateu e fez pensar, indignar e todos os sentimentos próprios desses momentos.

Não estar aqui seria uma ótima forma, agora, nesse exato momento, a única, de não me sentir culpado por tudo. Se eu tivesse sofrido realmente com esse poço de fezes que é a bosta da VIDA que (in?)felizmente pra mim não é nem um pouco ruim no sentido social, econômico desta (principalmente hoje em dia) eu seria o(a) merda que agora sou? Seria melhor estar voltando a meia-noite pra casa, com dez anos de vida, uma caixa de engraxate e um dedo no nariz tirando meleca, ou, em bom gauchês, TATU, e fazendo bolinhas desfarçadamente e com uma doce simplicidade que faz tudo ser tão (não)simples? Não sei! Infelizmente, hj, estou aqui, atrás dos 0s e 1s que não enxergo, assim como os olhos absortos na estrada furada não veêm mais que uma vontade de chegar em casa (ou talvez não). De nariz limpo (?!)